Este é um espaço que se pretende aberto a quem goste de contar histórias e de andar nos turbilhões labirínticos das palavras e das cores como bouquês feitos de lâminas.

segunda-feira, 29 de março de 2010

QUANDO EU ERA NOVA


Quando eu era nova não questionava.
Era branco e preto.
Assim diziam e eu aproveitava para desacreditar
por isso aprendi todos os tons de cinzento.

Quando cresci só ficaram manchas
daquelas esbatidas e borradas nas franjas
dos papeis amarrotados e rasgados
que cantavam canções negras de um libreto.

Agora voltei ao preto, ao branco e aos outros
só já não sei dos meus papeis contados e partidos
dos suores dos gritos escondidos
nem do cheiro do branco e do preto no gosto dos meus passos perdidos.

sábado, 27 de março de 2010

LUAS E OUTRAS COISAS


Eu gosto das laranjas porque têm a cor da lua.
lá não passam autocarros e os gomos são buracos fundos e abertos
que no corpo do vagabundo abundam e na terra cheiram a carne crua.

Quem como eu gostar da lua que não vista o negro do carvão.
Quando sentir o amargo do fel da mão na mão, pinte o corpo do vagabundo
da cor da laranja nua e fria que tem a cor da lua num dia de solidão.

Não contem segredos nem desalinhas, nem tão pouco entrelinhas
que os gomos da lua são linhas tortuosas e manhosas que só sabem cantar e cheirar
o laranja da lua.

Sim, porque a lua tem a cor da laranja.

TEMPOS MODERNOS


Finalmente o facebook. Não sei porquê. Agora não faz sentido, mas antes também não. Assim sendo e para além das duvidas resta-me saber as novidades de amigos e de amigos e conhecidos dos amigos pelo computador o que fica mais barato e dá menos trabalho.

Devo confessar que até agora e com um dia apenas de "facebookeana" que a sensação é estranha. Passo a explicar. As pessoas fazem perguntas, convidam para aderir a causas e solicitam a minha companhia nos múltiplos jogos. Percebo agora porque é que passam tanto tempo com esta brincadeira.

Bem hoje fui a Castelo Branco. A paisagem é linda até lá. Quando chegamos é como aportar em qualquer cidade de qualquer País. Pouco ou nada há que a identifique. Os mesmos centros comerciais, os hipermercados e os famosos fastfood, não vá a gente das serras já não saber o quê e como se come.

Esta é outra realidade que me deixa muito pensativa. Será que a globalização tem de ser assim? podemos ou não ser um bocadinho diferentes uns dos outros? como irão os meus netos ver Castelo Branco e distinguir que não estão em Andorra.

Comparadas com estas questões o meu facebook é mesmo uma brincadeira de crianças. Só que de crianças mais velhas.

Sim, porque nós os grandes também precisamos de brincar uns com os outros.