Este é um espaço que se pretende aberto a quem goste de contar histórias e de andar nos turbilhões labirínticos das palavras e das cores como bouquês feitos de lâminas.

domingo, 24 de maio de 2009

NOITE DE NATAL EM MAIO


Três pessoas, dois homens e uma mulher numa paragem do autocarro à noite. Chovia muito e os três abraçavam-se, choravam e riam. Quem passou por lá, pensou tratar-se de uma família infeliz, num desastre, quem sabe numa morte. A vida humana tem-nos ensinado sempre o pior. As boas coisas costumam acontecer tão poucas vezes que já nem ocorre pensar nelas, quanto mais na possibilidade de poderem acontecer.


Eu que estava por lá e vi tudo o que se passou, vou contar a história, como deve ser:


Era uma vez um homem muito pobre que vivia na rua porque não tinha casa. Esse senhor tinha vindo dum País distante em busca de uma vida melhor. Na terra dele contava histórias, era jornalista, depois quando chegou a este reino teve de trabalhar numa fábrica de cortiça.

Na Páscoa, com saudades da tia muito velhinha que o tinha criado, decidiu ir à sua terra e fazer-lhe a surpresa da visita.

Agora vem a parte mais triste desta história. Foi roubado e levaram-lhe a mala com as roupas e o dinheiro. E assim, ele teve de passar a dormir nas ruas da cidade.


Há uns tempos, a menina dos chocolates, que de vez em quando vai com os seus amigos visitar os que moram lá, conheceu o senhor pobre. Perguntou-lhe se ele precisava de alguma coisa e ele disse que apenas sentia a falta de não ter livros.

Passados uns dias, a menina foi lá de novo, levou-lhe dois livros e passaram o resto da noite a conversar. O senhor pobre só queria poder arranjar um emprego para poder voltar de novo para o seu País.


Acontece que nessa noite a menina mais os seus amigos vinham acompanhados de uns convidados ilustres do reino. Viram e falaram com as pessoas que estavam na rua e a menina achou que estava tudo a correr bem. Apesar de importantes, pareciam ser pessoas de bom coração e bem intencionadas.


Quando a menina estava a ver se era necessário mais alguma coisa, chega-se ao pé dela o Príncipe do Reino Feliz que também tinha vindo na comitiva. Ao ver a menina e o Senhor Pobre, ele como Senhor da Felicidade, resolveu fazer acontecer o desejo do Senhor pobre.


Quase como uma fada, ele ofereceu um tapete voador todo bordado a ouro, para o senhor pobre poder regressar ao seu país. A menina estava tão contente que não sabia o que fazer, se rir, se chorar, se abraçar o Príncipe. Só lhe apetecia mesmo era cantar.


O senhor pobre deu-lhe um abraço tão forte como as coisas mais fortes do mundo e virando-se para o Príncipe fez-lhe uma vénia de respeito e gratidão.


Depois de combinarem as coisas de uma viagem tão grande, todos foram para as suas casas felizes e cansados de tantas emoções: O senhor pobre porque tinha realizado o seu sonho e a menina dos chocolates porque tinha juntado os dois.

Quanto ao Príncipe da felicidade, quando o vieram buscar na sua carruagem dourada sorria, como só fazem os homens bons depois de fazerem coisas muito generosas.


E assim acaba a história e viveram felizes para sempre, sempre, sempre ... quando pensavam naquela paragem de autocarro.


Dedico esta história ao Príncipe feliz e ao Senhor Pobre.


E a todas as minhas pessoas também.

Vale a pena acreditar que é possível ser NATAL EM MAIO.

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