Este é um espaço que se pretende aberto a quem goste de contar histórias e de andar nos turbilhões labirínticos das palavras e das cores como bouquês feitos de lâminas.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O CONVENTO


no convento do rezar, a catraia arregaça a saia
a estrada para lá chegar desmaia na praia
a aia que a ouviu cantar, vem espreitar
vem mandar andar e não pular no ar.

no convento do tormento há uma janela amarela
quem lá vai abarca muros
feitos de pedra e cimento, são duros os muros
ficam de guarda e não aguardam os mais puros.

no convento com vento
tarda a pancada do nada
a catraia com pressentimento
do tempo brinca de fada

no convento do esquecimento, a aia aguarda
há-de chegar vindouros. limpa a gamela e a panela
à noite uivam mochos e chega a guarda fardada com farda dada e estragada
fala alto, vocifera impropérios, roldão de palavra estragada
falam daquela aia. olham para ela e fogem dela.

no convento do fingimento, tudo é falso
tudo leva descaminho no descampado do tempo
o incauto ignora o percalço, o ermida de sua natureza acata o ermo.
do desterro

Sem comentários:

Enviar um comentário